sábado, 7 de maio de 2016

Days 3&4: Food&Friends

TL;DR

Amigos vintage ou novos, de várias nacionalidades, conversa e comida à farta. Podem saltar o resto do texto, apenas o incluo para registo histórico e para dar sono aos incautos que estejam a hesitar entre ler este post e as televendas ou eucaristia dominical na tvi.

Prato Primeiro

Reza a lenda que neste dias, depois de uma visita ao NatWest para tentar tratar da abertura de conta sem ser no offshore, me foi indicada a necessidade de uma carta do empregador com uma série de requisitos, que foi (dizem as runas) solicitada por email nesse mesmo dia.

Reza ainda a lenda que foi feito um telefonema para agendar a entrevista que permitirá obter o National Insurance Number (carinhosamente, o “NINO”), o único requisito necessário para cidadãos da EU poderem trabalhar em Inglaterra. Apesar dos muitos trabalhos necessários, e dos requisitos que incluem também uma carta do empregador, foi agendada a entrevista para próxima 3ª-feira em Slough, uma cidade entre Reading em Londres se diz ser atrozmente feia.

Contam ainda os velhotes das aldeias do norte, quando nas noites de fim de verão se encontram nas eiras para tirar as casacas ao milho, e bebem copitos de aniz sob a lua, que o fim de tarde e noite deste dia foi passado com o Ilídio e a Dorit e a criança. Ele colega de curso e amigo de faculdade, ela a esposa alemã, e ainda a filhota espevitada e conversadora. Em Newbury, a oeste de Reading, numa casinha simpática com quintal, onde terá sido confeccionado um prato muito tradicional chamado de “BBQ” (em português, chu-rras-co) – porque os ingleses abreviam tudo, e mesmo não sendo nenhum dos presentes britânico - e outros petiscos no jardim relvado atrás da casa.

jardim das traseiras (com relva por cortar!)

Dizem que ao final da noite se esteve a jogar a três ao Lego Rock Band, sendo o “It’s the final countdown” a faixa mais ouvida, entre guitarra e bateria de plástico, e que o regresso a casa terá sido feito depois de terem batido as 12 badaladas e dedilhada muita conversa.

Fiquei ainda a saber que existem em Reading duas lojas onde se podem comprar produtos portugueses, uma chamada Flavour of Portugal, e outra (brasileira) chamada Pau Brasil – onde acontecem os meetups “Let's meet and talk in Portuguese”. Estou a ficar worried comigo mesmo, não é que pareço um emigrante?!

Espera.

Uh-oh.

…!

Prato Segundo

Sem aviso nem maldade, nem previsão inesperada ou planeamento ajuizado, o primeiro prato deste sábado foi um almoço de outro prato muito tradicional britânico, designado abreviadamente de “bife” (em português, “steak”), num restaurante de carne no The Oracle. A companhia para este almoço foi o Mauro, angolano conhecido no ano passado em Torres Vedras num cliente, e que emigrou coincidentemente para Reading no final do ano passado, porque o planeta está cheio de acasos destes.
Como expatriado recente, tem frescas as experiências logísticas & demais, e muito presentes algumas dificuldades iniciais, nomeadamente na falta de companhia (a respectiva ficou nos Portugais além-mar) e uma estadia em hotel durante um mês pela dificuldade em encontrar alojamento.

Depois de almoço fomos a Wokingham, onde está a morar. É uma vila não muito longe de Reading no sentido de Londres, muito muito simpática (casinhas bonitas, muito verde, espaço), e onde claramente gostaria de ter companhia. Mas a mim faz-me impressão pensar que passaria a ter distante de mim grande parte do que hoje faz parte da minha vida e que mais me estimula e faz o cérebro rodar dervishemente: a cultura e a ciência.

Informação importante, a localização de uma loja de vinhos em Reading chamada Majestic Wine Reading, onde há vinhos portugueses e o empregado é, porque não podia deixar de ser assim, um tuga chamado “António”.

Prato Terceiro

E de regresso a Reading depois do passeio, apanhar um Reading Bus (o Lime 2a) para Burghfield Common, a sudoeste de Reading, para ir ter à tarde com o Hakan, um amigo turco de há alguns anos a quem devo estar cá, e a Gokcen sua companheira e mais a filhota, a que se juntou um casal em que ele é escocês-paquistanês e ela eslovaca, e mais a outra respectiva filhota. O prato mais uma vez o famoso “BBQ” (em português: carne na brasa, mas sem porco dadas as religiões em causa), mas desta vez com pormenores turcos e queijo do chipre que já tinha comido em Lisboa mas que agora descobri ser suposto comer grelhado (pois, eu bem que estranhei). Delícia!

A receita é turca mas não sei o nome raios

Falámos sobre como comprar carros baratos em leilões, sobre a situação escocesa – nomeadamente o facto de o país ser pro-EU e ser certo outro referendo para saída de UK em caso de a union jack vir a sair da EU –, sobre o novo mayor de Londres ser muçulmano e de origens humildes, sobre férias no oriente, sobre o festival de música de Reading “o maior da Europa” (estou a ver que não são só os tugas com estes qualificativos…), sobre a vaga de emigração enorme dos países do bloco de leste (2M de pessoas!!), sobre como tínhamos ido ali parar e o que fazíamos e para onde queríamos ir e sobre os ingleses - e afinal, os únicos representantes nativos eram as crianças de ambos os casais. E a fechar um café turco, como não podia deixar de ser: hiper-doce e com imensa borra no fundo!

Descobri ainda que já estive na terra nativa do casal turco (e eles deviam estar lá na altura), uma cidade chamada Konya, que me recordo terem dito ser “muito tradicional islâmica” (recordo as mulheres de burka), o que me confirmaram.

Sobremesa e demais totais

Dois tugas (um do Porto, o que faz toda a diferença), uma tuga/moçambicana, uma alemã, uma criança inglesa/alemã, um tuga/angolano, dois turcos, um escocês-paquistanês, uma eslovaca e duas crianças inglesas/qualquer coisa.

Diziam-me no whatsapp: “Epa, é isso que eu adoro aí” e percebo porquê. Esta variedade de vidas e experiências não se encontra em todo o lado.

2 comentários:

  1. O CD do Graciano Saga vai amanhã pelo correio. Sempre queres a santinha que adivinha a chuva ou já não precisas?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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