quarta-feira, 4 de maio de 2016

Welcome ABROAD!

 

Depois de uma noitada a acabar de arrumar tralha numa pilha que será transportada para UK mais tarde, a última coisa a ficar pronta foram os mp3 de cerca de 200 CDs que tenho vindo a ripar nas últimas 3 semanas. A música quer-se connosco, não a acumular pó no vinil!

Fomos levados ao aeroporto pelo Luís, ainda não tinha o sol nascido. Um grande amigo de muitos anos que se foi também despedir com um abraço mutuamente emotivo…

Ali em baixo diz Heathrow 07:25...

… e isto das despedidas é do que custa mais. Não sei se custa a todos, mas a mim sim. Por muita confiança e pica que se tenha, despedir especialmente daqueles poucos amig@s especiais custou muito. Dizia-me o Hakan, parcialmente responsável por agora me encontrar aqui, para aproveitar os últimos dias para estar com as pessoas que gosto, porque é do que se sente mais a falta. E os encontros e pequenos-almoços e lanches e almoços e jantares foram-se sucedendo nos últimos dias, tal como profetizado.

Não podia faltar uma foto do avião, certo?

Numa destas despedidas, um amigo contava que tinha ido a uma entrevista em Paris, e que com a mesma a avançar e a correr bem, começou a sentir a preocupação da possibilidade de ser seleccionado, a preocupação com o afinal poder ter mesmo de abraçar o tal desafio que procurava, e de deixar a história da vida de volta em Lisboa. Empatizei imediatamente com o que contou.

Este senhor também tem saudade...Comecei a enviar CVs para fora do país em Janeiro deste ano. Quando me perguntaram porque o estava a fazer, a resposta saiu-me de dentro: Sinto-me a ser empurrado à frente de uma multidão, mas quando olho para trás não está lá ninguém. Os motivos são muitos e complexos de perceber. Simplesmente… tinha de ser.

Uma vez que estou a começar o blog e ainda não sei bem “com que voz” escrever, vou andando e logo se vê. Não me levem a mal, mas ainda estou à descoberta e podem verter coisas mais pessoais!

Aterrámos em Heathrow, pela primeira vez sem bilhete de regresso (sim, sim, estas coisas passam-me pela cabeça!), e ao entrar na fila dos passaportes havia um grupo de miúdos israelitas, vestidos com vestes pretas, e com chapeuzinhos na cabeça, vários deles com trancinhas a reforçar a origem e a religião. O papa católico também tem um chapeuzinho ‘tapa careca’ daqueles, mas em branco e muito mais chato de lavar. Mas a sério, trancinhas?

Passámos pela segurança e demais procedimentos aeroporticos sem problemas. No controlo de passaportes o inglês do outro lado cumprimentou com um “bom dia” e fechou com um “obrigado” de quem já passou férias no Algarve. Logo a seguir ao controlo, uma senhora de impresso em punho pediu-nos para preencher um inquérito muito rápido. Duas ou três perguntas depois perguntou o motivo da viagem. “We’re actually coming to live here”. E sem um piscar de olhos, tirou da pasta um segundo impresso, azul claro, de onde começou a debitar outras perguntas. Quando terminou, desejou-boa sorte com um sorriso simpático.

Tínhamos um taxi motorista à nossa espera, o Jimmy, que seguimos até ao estacionamento. O carro parado ao lado do dele fez-me sorrir de reconhecimento! Olhem só:

olha quem ele é!

… quase pensei estar na minha própria garagem! :-)

Do aeroporto a Reading pela M4 – tenho de começar a decorar estas coisas - foram 35 minutos sem trânsito, passando por Windsor e pelo seu castelo dos filmes (“if the flag is up, the queen is there” – and it was). O Jimmy passou umas férias no Algarve quando era novo - algo me fez imaginar aquelas viagens de grupos de ingleses a bu’er jolas nas esplanadas - “but now I prefer the Canary Islands”. Estive quase a mandá-lo parar o carro e sair!!! A dizer mal do nosso Algarvinho?! Porrada já! (isto deve ser um síndrome de expatriado, agora que penso nisso – “defender o que é nosso”). Ou então agora vai com a mulher e tem medo de ainda ser reconhecido! :-)

Reading city center

Se tivesse de fazer um “sumário executivo” de Reading, dizia assim: uma cidade de média dimensão, 30 minutos a oeste de Londres de comboio, com duas Universidades, um shopping center chamado The Oracle, e muitas empresas e multinacionais especialmente mas não só da área de tecnologia. Podia também referir o Festival da Cerveja e a possibilidade de conhecer Jesus em pessoa, para dar uma cor local, mas estou de bom humor :-).

Meet jesus!

Não demorou até chegar ao destino, em Castle Crescent perto do centro da cidade, uma casa de dois andares numa rua de trás onde vamos ocupar - durante até 2 meses - um R/C simpático. Aquilo que se nota logo é que é um sítio muito, MUITO calmo: não se ouvem carros passar, nas traseiras há um pequeno relvado, e parece que estou no campo! (NOTA POSTERIOR: os pássaros começaram a cantolar pelas 0430 da madrugada, e fez-se luz seriam umas 05:00).

SACO apartments, acredite-se ou não!

A casa está mobilada e pronta a habitar, e devo admitir que a primeira coisa a tirar das malas foi a PS4 (apenas para ver se funcionava, claro!). De resto, já não estava habituado a chão com alcatifa, mas fora isso, é um sítio mais acolhedor do que esperava, e a mesa à frente da janela por onde entra o sol é um destaque.

Uma das coisas que tenho de referir é que, ao contrário das 4 vezes que estive em Reading antes, desta vez o tempo estava muito agradável, e o dia soalheiro! Sim, sim, eu sei, também fiquei estupefacto! Ainda ontem, em Lisboa, a temperatura chegou aos 29 C e estive de t-shirt a jantar numa esplanada até quase à meia-noite, mas ainda assim encontrar um tempo destes por aqui surpreendeu-me. Vim a saber que há uma ONDA DE CALOR durante uma semana, e que a temperatura PODE CHEGAR A UNS ESTONTEANTES 24 CELCIUS.
Dizia-me o Ilídio (um grande amigo desde a faculdade, que mora cá perto) que quando o tempo está assim os ingleses correm para as praias e parques, com as suas toalhas e baldes de fazer castelos! Mas sem protector solar, porque bife que é bife quer-se rosadinho, certo? :-)

O Tamisa ao centro, o Oracle nos lados

rua pedestre atrás do Oracle

Depois de uma sesta prolongada, fomos até ao The Oracle. Comprámos um cartão de telemóvel da EE (recomendado tanto pelo Jimmy como pelo Hakan), e encontrámo-nos com este último – o grande responsável pela candidatura profissional que culminou com a minha vinda para cá – e família para jantar e mais uns conselhos de ordem prática – transportes, procura de casa, segurança, horários de lojas, localizações de supermercados, etc. Encontrámos também duas lojas de câmbios com taxas melhores do que do aeroporto – o que vai dar jeito para trocar euros no início.

Um dos problemas com as vindas para cá tem a ver com o trio: arranjar um NINO (nº de segurança social, necessário para trabalhar, necessária morada) – alugar um casa (para o que ajuda ter credit history bancário para não ser preciso pagar 6+ meses de renda à cabeça) – abrir conta bancária (para que é preciso morada e historial). Uma verdadeira pescadinha de rabo na boca, que se simplificou no meu caso de duas formas: primeiro, usando a morada do alojamento temporário que me forneceram, e segundo, fazendo o que fazem quase todos os estrangeiros: abrindo uma conta nas versões “International” de bancos como Lloyds, HSBC ou Natwest – tecnicamente contas offshore baseadas nas ilhas do canal como Jersey ou a ilha de Man, para que os requisitos de abertura são MUITO mais simples – e sem estar envolvida qualquer fuga aos impostos, note-se (se alguém quiser mais info sobre como isto funciona, apite).

anida o rio ali no Oracle

Já jantados (italiano Strada, nada de especial, 3,5 jotas), fomos a um supermercado Sainsburys comprar um mínimo de mantimentos para amanhã. O Lamas&Joana – outros dos amigos que tenho por cá e que têm ajudado - já tinham avisado para a dificuldade inicial de encontrar as novas marcas, os produtos que vão substituir o atum bom petisco, a manteiga dos açores, o leite mimosa, os corn flakes da nacional, o café delta, a super-bock, etc. Desta vez foi tentativa e erro, claro.
Outra nota é que o pagamento é todo ele self-service: não havia uma única caixa aberta àquela hora, só mesmo a zona de self-service. Vamos passando os códigos de barras e pousando numa bandeja com balança. Nada para que seja preciso tirar um curso superior :-), mas se ficamos com algum produto na mão depois de o registar, em vez de o pousar na bandeja (por exemplo para colocar numa mochila ou saco), todo o processo pára. A little thing, perdoem-me o detalhe.

à saída das compras, a caminho de casa

E pronto, dia terminado. De volta para casa, para desfazer finalmente as malas, tratar já de algumas coisas de trabalho (devo ir aos EUA daqui a semana e meia), responder aos amigos que foram mandando mensagens durante o dia, e escrever este primeiro post.
Custou sair de casa e ir dar uma volta de adeus, a despedida do Luís com lágrima a querer sair, toda o caminho no aeroporto até aos raios-x, mas desde aí foi mais fácil, como se fosse uma viagem de turismo. E conhecer cá gente ajuda muito, torna tudo mais simples.

Não se habituem a textos deste tamanho, que isto dá trabalho escrever!!!

(e sim, a casa tem wifi)

See you tomorrow!

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